
voo para sul de mim em listada margem de sobressalto. escavo o norte em nascentes poentes e procuro a estrela polar no centro irrigado de constelações acabadas de nascer. o dia amanhece ao pôr-de-sol. a terra socalca-se de abismos alaranjados e fantasmas de sombras quentes. do corpo do chão erguem-se saguões de penumbra. vultos percorrem os caminhos do porquê. regressam à porta da minha boca. secam-me os lábios e torturam-me a língua. nado cem braços no corpo da lava de terra queimada. um icebergue de fogo eleva-se na torrente. procuro morrer mais um pouco. e rio nos braços da morte precipitada. deixo-a a sangrar olhares. retiro-me. os pássaros sacodem os ninhos à janela das árvores e antecipam voo migratório para a serenidade. solta-se um dossel de seda no céu do meu chão. levito. uma quilha anula o esterno dorido. membros alados prolongam as orlas do corpo. um impulso de vento interno sai pela ponta dos dedos. hélio refrescante forra interiores. alinho vértices pelos pontos cardeais e voo para sul de mim. a este nada de novo. espero que a terra deixe de girar ao contrário.