reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

terça-feira, setembro 23, 2008






cheguei de longe e encontrei o mundo virado das avessas. deu-me uma trabalheira arrumá-lo sob as leis da lógica. tentei. juro que tentei. trabalhei dia e noite numa fona dos diabos. sempre que me virava o caos instalava-se. ria nas minhas costas. não. não sei bem se ria. possivelmente chorava. aquele ar palidamente esverdeado era confrangedor. só podia chorar. irritei-me na dúvida. voltei a fazer desesperada os consertos que se impunham e justificavam. enfrentei-o na tentativa de ordem. confrangia-me a mísero estado aquele desafio. assustou-me o grito rouco que saiu de mim. os olhos faiscavam labaredas. o paraíso das águas revoltava-se na tormenta do naufrágio. lancei a mão à boca e arranquei os gritos lancetados de fogo. lavei os olhos ardentes. abri a porta e deixei a luz entrar. branca. sentei-me a seu lado. não precisava olhar para mim. sabia-me ali. senti. quase. quase. quase. a sua mão na minha. a sua súplica. entendi-o. sorri-lhe. estava cansado também. vamos caminhar no caos de mãos dadas. pode ser que o amor devolva a serenidade ao seu mundo. ao meu também.


quinta-feira, setembro 18, 2008


tenho uma pena que não escreve direito. nem torto. deixou de escrever e voltou à garatuja de andar. solta de rumo. sem pena de penar. é uma pena minha. tão minha que me desenhou os olhos. o nariz. o oval do rosto. me pintou a tez morena. me ensinou as primeiras letras com tinta de dedos na terra macia onde descansava de voar. agora empenou o engenho de ensinar. não para descansar. nem olhar os desenhos conseguidos com orgulho. agora precisa de todo o amor para perder o sujeito e o predicado de pena.

terça-feira, setembro 09, 2008



Descalça procuro a luz da terra, do pão a energia, entre dependências de alerta germino.