reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

domingo, junho 29, 2008


voo para sul de mim em listada margem de sobressalto. escavo o norte em nascentes poentes e procuro a estrela polar no centro irrigado de constelações acabadas de nascer. o dia amanhece ao pôr-de-sol. a terra socalca-se de abismos alaranjados e fantasmas de sombras quentes. do corpo do chão erguem-se saguões de penumbra. vultos percorrem os caminhos do porquê. regressam à porta da minha boca. secam-me os lábios e torturam-me a língua. nado cem braços no corpo da lava de terra queimada. um icebergue de fogo eleva-se na torrente. procuro morrer mais um pouco. e rio nos braços da morte precipitada. deixo-a a sangrar olhares. retiro-me. os pássaros sacodem os ninhos à janela das árvores e antecipam voo migratório para a serenidade. solta-se um dossel de seda no céu do meu chão. levito. uma quilha anula o esterno dorido. membros alados prolongam as orlas do corpo. um impulso de vento interno sai pela ponta dos dedos. hélio refrescante forra interiores. alinho vértices pelos pontos cardeais e voo para sul de mim. a este nada de novo. espero que a terra deixe de girar ao contrário.

6 comentários:

Anónimo disse...

o movimento permanente da terra e das palavras que aqui escreveu. gostei muito de ler e da foto :) um beijinho, sinedoque.

Nilson Barcelli disse...

É muito fácil a terra deixar de girar ao contrário... experimenta virar-te para Norte e esquece o Sul...
Um texto sofrido, mas igualmente belo. E muito poético.
Parabéns querida amiga, estás a escrever cada vez melhor.

Bfs, beijinhos.

CPrice disse...

como se tal fosse possível, mas é mesmo assim como diz Nilson .. a escrever cada vez melhor Amiga Sine e eu com saudades de ler mais.

Fica um abraço *

Anónimo disse...

e que bonita esta canção :) um prazer vir aqui. beijinhos *

CNS disse...

Um sopro de beleza...

um beijinho

sou eu disse...

«a este nada de novo»

exactamente.