reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

quarta-feira, janeiro 31, 2007






Hoje fui substituída.Coisa que acontece às vezes aos professores que precisam de ir a uma consulta, já que o médico não faz o favor de passar por nossa casa. Foi pouco tempo, menos de uma hora.
Plano de aula entregue, por acaso a mim própria, com três dias de antecedência(cumpri os trâmites legais), trabalho em cima da mesa, colega informada há tempo, que isto tudo tem prazos. Perfeito!, nada a apontar Srª Ministra.
Quando regressei, pronta a dedicar aos meus alunos toda a minha atenção, encontrei-os a chorar.
Que pranto era aquele? A quem os entregara que mos deixara assim, como se desgraça eminente estivesse para acontecer ou fosse já coisa sabida?
O meu ar interrogativo aumentava o caudal queixoso das minhas crianças, que procuravam nos meus braços consolo e na minha boca as palavras de alívio.
Vasculhei, assustada, a sala em busca de uma ausência que pressenti. Estavam lá todos.Olhei por mim abaixo. Estava inteira.
A colega informou-me que não lhes tinha feito nenhum mal...sorrindo. Como precisava daquele sorriso!
O professor de Educação Tecnológica e Robótica fora à minha procura com o objectivo de me informar que iria deixar de dar as aulas de prolongamento, por incompatibilidade de horários e que, a empresa responsável já teria novo professor para o cargo. Despedindo-se dos alunos gerou aquela onda de lágrimas.
Sem exploração sentimental da situação, as emoções aconteceram naquela sala. Daqueles olhos chorosos, a custo, voltou a brilhar o sorriso, claro!.
Mas, um professor deixara a sua marca, no curto percurso escolar daqueles meninos. Emocionei-me!
É gratificante confirmar que entre professores e alunos há novelos de ternura que se interligam para sempre.
São meus! São especiais! Não sei se são especiais por serem meus ou se os sinto meus porque são especiais.
Ao professor, um abraço por todos eles e pela forma como os conseguiu tocar, na aprendizagem académica e de vida.

terça-feira, janeiro 30, 2007

O semeador
Van Gogh

Quem semeou a erva que sobeja em mim
quem lhe deu o verde esmeralda
se daninha me invade
Quem ?
Eu?
Ou vento que soprou norteando
o tempo das lutas perdidas
com pólen
de invisível imposição?
Vento
afasta de mim esse pólen
deixa que a flor
pequenina
indefesa
se aninhe
neste inverno de mim
e em tempo austero
lhe alimente
a raíz
e
a cor
De olhos fixos na espuma dos dias
que no tempo fizeram
as lembranças
em viagens me perco
me enfeito
com as vidas que vivi
tinjindo-me
com os sonhos das crianças
Pinto a noite de cal
calando os gritos que não dei
e em tinta da china reinvento
os sonhos que sonhei
e que
acalento.

domingo, janeiro 28, 2007

Desde manhã

Este tem sido o ritmo do dia!
O fim-de-semana está de rastos mas que este balanço sirva para animar mais uma nova semana.

sábado, janeiro 27, 2007

Os comedores de batatas
Van Gogh
Se estudasse Latim...

"ADEMUS AD MONTEM FODERE PUTAS CUM PORRIBUS NOSTRUS"
Tradução
VAMOS À MONTANHA PLANTAR BATATAS COM AS NOSSAS ENXADAS

Notícias da campanha

Quebraram-se os acordos de cavalheiros, numa sociedade que se baseia num falso pluralismo. A blogosfera(espelho-sócio-refractário) pegou fogo, pariu ofensas, olhares menos democráticos sobre a opinião alheia. Gladiadores arremessam golpes e contra golpes de baixo nível e sensionalismo estéril, como se de gradivez estérica se tratasse.

Não era insuspeito este parto. Alguns progenitores opinativos têm nos genes esta vertente inscrita num ADN de péssima qualidade.

Pedradas num charco de ideias, produzindo insignificante ondelação no pilar que sustenta o objecto mais profundo de discussão.

quinta-feira, janeiro 25, 2007



Esquizofrenia


Uivai cães danados! Que se danem com este estatuto de merda que arranjei para vós!Presos que estais, acorrentados às escolas que vos saíram em rifa, das quais, só podereis levantar arreais daqui a três anos.Sim!, que quem manda aqui sou eu!Não envieis embaixadores! Serão corridos como se de peste estivessem contaminados! Nada que digam será reconhecido como negociável.

Que pensáveis!Amargai horas sem fim nas escolas, entre reuniões que lhes inventámos para para vos infernizar a vida! Não duvideis, nossa imaginação não tem limites e vós sereis as nossas marionetas, até que extenuados caírdes para o lado como farrapos humanos enlouquecidos por discernir a linguagem mais estúpida e imperceptível e as ideias mais inconcebíveis que conseguimos, dentro dos nossos climatizados gabinetes. Não tereis direito a vida privada que isso já foi chão que deu uvas. Entregai-vos dia e noite a esta causa que embora não tenha nada a ver com os alunos dará a todos sinalética contrária.
Isto é que é pensamento estratégico!

Depois da infeliz frase "Perdi os professores mas ganhei a população", esta surge-me como a melhor piada da semana!

terça-feira, janeiro 23, 2007


Com as mãos ocupadas!

segunda-feira, janeiro 22, 2007


SÓTÃO

Por interstícios das malas abertas de quando éramos

crianças gritam as bocas sem nenhum eco

das bonecas. Criaturas fictícias, escalpelizadas

e sem tintas, de ventre oco. Mas o mortal

lugar do coração está ainda a palpitar.

O bojo do peito de celulóide, como o meu,

pede-nos perdão pela saudade que nos devora.


Fiama Hasse Pais Brandão

[1938- 2007]

Paleta


Tens uma paleta a que faltam algumas cores.

Talvez porque há substâncias a que não soubeste dar expressão.

Ou porque elas são incolores.

Ou porque em toda a realidade há fendas

que nem pela palavra nem pela cor

alguma vez saberás preencher.


(Albano Martins)

domingo, janeiro 21, 2007


Shall we dance?
E ele dançou. Tudo em nome de um "Irak whith a future."

sábado, janeiro 20, 2007



A morte ainda esperou

Da ficção chegam intermitências da morte num tom sarcástico e manifestação irónica da decisão da mesma, ao recusar apresentar-se na existência de quem não morre nem pode voltar a viver, os moribundos. Os que no final da vida esperam o clic que alivie a desesperança do ser.

Mas, no Alentejo profundo, a morte anda, qual cavalo sem freio, assaltando nas curvaturas sinuosas os que, na dilatada planície, coam a vida sem rede.

A foice... a gadanha, na seara alheia de INEM. Mais de quatro horas a morte rondou o corpo, assobiando um cantar alentejano num prenúncio de abutre de papo cheio. A morte ainda esperou, condescendente, que à vida se desse suposição, mas cansou-se da demora e mostrou, hoje, em Odemira, o seu dom da ubiquidade.

Que daquela ninguém se livra quando chegada a hora, é certo, mas que não seja por falta de socorro que se percam vidas. O Alentejo ainda é Portugal!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Esta deve ser mais velha que a ... ou que o ...


Quando o café "A Brasileira" vendeu os primeiros cafés "expresso" em Lisboa, o público achou-os amargos e daí que o proprietário da casa tivesse inventado o slogan para ajudar nas vendas:
"Beba Isto Com Açúcar"
E pegou! Hoje, a palavra foi reduzida às suas iniciais: BICA!
Afinal, a BICA tem uma razão forte de existir!!...

terça-feira, janeiro 16, 2007

Almada Negreiros
[modus vivendi?]

Palavra milagrosa que, aos olhos de muitos, encerra "a solução" para o gravíssimo problema do desemprego.

segunda-feira, janeiro 15, 2007



Sem camuflagem

Chegam-nos de inesperadas formas e, de repente, surpreendem-nos pela leveza que nos transmitem. Sem camuflagens, de peito aberto na postura e na voz, sentimos-lhes a verdade que transmitem e à qual nos ligamos sem esforço. Da palavra lisa e sem mágoa, do olhar directo e frontal, semeiam à sua volta a serenidade, recriam a harmonia que todos vamos perdendo entre as fobias que nos envolvem e que nos aceleram a ansiedade.

Das mãos, os movimentos que nos fazem adivinhar a ausência de teatrealidade da vida, sem actos que envergonhem o actor, mas com uma firmeza consonante com a melodia da fala e a doçura e segurança do olhar.

Rimam com afectos, estas vidas, buscam na existência uma tranquilidade que nos renova o enleio, sustentam-se de uma energia de intensa sabedoria que nos bloqueia a perturbação e o tumulto. Dos traços no rosto ficam as marcas apaziguadas da sorte e das escolhas nem sempre pacíficas, mas que se viveram com a quietude na consciência.

Quando os deixamos é como se um fio de luz nos iluminasse e aquecesse. É bom ter amigos assim!

Assine e Divulgue a Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS em http://www.ipetitions.com/petition/contratlebs/tlebs.html"


A Petição Contra a TLEBS entra esta semana na recta final.

sábado, janeiro 13, 2007


Fora da lei

A notícia que faltava a quem tem pouca força de vontade para deixar de fumar. Ah!, mas nenhuma daquelas marcas é a minha!

Desculpas esfarrapadas. Promessas vazias de fé. Sonhos que ardem na boca dos dias saltimbancos de crentes adiados. A saúde à espera de encontrar o nicho de oxigenação esperado e os níveis de monóxido de carbono a ultrapassarem a barreira da estupidez.

Depois admiramo-nos que as células enlouqueçam e entrem num frenesim neoplásico!



"My life is my message"

Gandhi

sexta-feira, janeiro 12, 2007



Temos estatuto, mas custa engolir!

quinta-feira, janeiro 11, 2007



Momentos nossos...

Pequenos outeiros terminados em bico. Colinas de prazer e doçura. Ânforas de amamentação e de vida. Da pele macia e fina o toque único e delicado. Botões das rosas que somos.

Expostas em decotes fundos, ocultas por vestes austeras, tímidas pelo recato ou volume apoucado, majestosas, altivas, disfarçadas...nossas! Símbolos da feminilidade e graça da mulher. Tecidos sensíveis... susceptíveis aos furores das hormonas que nos percorrem na vida.

Tocá-las sempre com a lupa do tacto, percorrê-las em busca de texturas desconhecidas, olhá-las com a visão apurada pela sabedoria da antecipação...sem medo, sem pavor. Dedicar-lhes momentos só nossos de uma intimidade feita de silêncio e de respeito pelo tesouro presente e pela imagens pandóricas que podem encerrar.

Este deve ser o lema!, porque no momento das certezas inconformadas ou das dúvidas temíveis esquecemos o mundo, separamo-nos dele e flutuamos num mar de angústia e de revolta, perdendo terra firme, tornamo-nos sinfonia de Vivaldi, vivendo a cada momento furores de humor constantes.

É como se de repente, depois de longa corrida, o descanso que ansiávamos se transforme, por erosão, num enorme precipício onde ninguém nos dará mão.

Momentos nossos...SEMPRE!

quarta-feira, janeiro 10, 2007


- Só agora?! Já cá andaram muitos a pedir o mesmo!
- Pois é... tivemos problemas logísticos! Mas nós fomos os primeiros a chegar aqui . Não devemos esquecer a nossa história comum!Nós fomos os impulsionadores do comércio...
- Sim...sim! Puseram-se a dormir...mas os cágados e as tartarugas chegaram primeiro!

Renovações gastronómicas

- Não, desta vez não vai haver bombardeiros nem canhoadas...vimos só pedir um pouco de caril para misturar na sopa da pedra que ficou em banho-maria em Portugal.

Será que chegaram bem?

terça-feira, janeiro 09, 2007


Plágios na mitologia
Do Tibre ao Tejo...da lenda da fundação de Roma à lenda de Santarém...de Rômulo e Remo a Ábidis...as águas dos rios a salvarem o fruto dos amores proibidos...a cesta como continuação da alcova...e a loba num acto de humanismo maternal a salvar o lado lunar da vida.

segunda-feira, janeiro 08, 2007


Lenda de Santarém

Santarém foi uma antiga cidade lusitana antes de por ela passarem romanos, alanos, vândalos, suevos e árabes, tornando-se definitivamente cristã em 1147. A lenda de Santarém remonta ao ano 1215 a. C. quando reinava na Lusitânia o príncipe Gorgoris, chamado de "o Melícola" por ter ensinado o seu povo a extrair mel dos favos das abelhas. Um dia, Ulisses de Ítaca chegou à foz do Tejo com os seus navios onde decidiu descansar por algum tempo antes de regressar à Grécia. Hóspede de honra de Gorgoris, Ulisses conheceu a sua filha Calipso por quem se apaixonou. Dos amores de Ulisses e da bela Calipso nasceu um filho, Ábidis. Quando Gorgoris soube do sucedido perseguiu Ulisses para o castigar, mas este, avisado da fúria de Gorgoris, fugiu para Ítaca. Para esconder a desonra de sua filha, Gorgoris mandou que pusessem Ábidis dentro de um cesto e o atirassem ao Tejo. O cesto boiou nas águas e, em vez de se perder no mar, subiu pelo rio até encalhar perto de uma gruta que servia de covil a uma loba. A loba adoptou a criança, amamentou-a e protegeu-a. Ábidis tornou-se num belo rapaz que se alimentava de peixe do rio e frutos silvestres e estava habituado a conviver com os animais. Mas um dia, uns caçadores surpreenderam aquele rapaz selvagem, capturaram-no e levaram-no à presença de Calipso, sua mãe. Calipso reconheceu em Ábidis, através de um sinal de nascença, o seu filho abandonado. Quando soube que o neto tinha sido encontrado, Gorgoris que não tinha herdeiro varão, resolveu educá-lo como seu sucessor. Ábidis tornou-se assim no rei dos lusitanos, um rei justo, sábio e humano que mandou edificar uma cidade no sítio onde viveu os primeiros vinte anos da sua vida. A essa cidade chamou Esca-Ábidis, que significa manjar do príncipe Ábidis, o primeiro nome da cidade de Santarém cujos habitantes são hoje conhecidos por escalabitanos.
In Lendas de Portugal


Época de saldos

Aproveitando a abertura oficial da época de saldos, resolvi ir às compras e remodelar o visual deste blog. Espero que gostem dos reposteiros novos que escolhi. A novidade é que fiz as compras online, longe de multidões cegas de histerismo.

sexta-feira, janeiro 05, 2007



Os meus Reis Magos

Gaspar chegou-me tinha eu treze anos

Baltasar tinha eu quarenta e três

Trinta anos de distância...

Nenhum chegou para o meu nascimento

Fraca estrela a minha!

Será que Belchior vai chegar a tempo do meu funeral?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

tango

São precisos dois...muito bons!

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Daumier

Olh'ó passarinho!

- Vês este ninho de avestruz? Veio da Austrália. A mãe foi comida por um tubarão e as avestruzezinhas estão orfãs.

- Oh!, que lindas, tão indefesas!

- A mãe apanhou gripe das aves, mas as crias estão sãs!

- Coitadinhas!

- Elas só precisam que as alimentem e as ensinem a andar. Darão belos exemplares! Da pele produzem-se carteiras, cintos, sapatos. Trata-se de uma pele muito cara dado a sua exclusividade. A sua carne é muito saborosa, tenra e saudável (baixa em colesterol e gordura). Cada animal dá cerca de 40 kg de uma carne vermelha escura, comparável com a melhor carne de vitela e as penas podem ser vendidas à indústria da moda e ainda usadas como utensílio de limpeza.

- Não fazia ideia!

- Vendo-te esta preciosidade só por 500 euros.

- Vou só ver se está a chover, já volto!

terça-feira, janeiro 02, 2007



Há festas assim!

Temáticas. A minha foi. É bom começar o ano a dançar. Faz bem ao corpo, perdem-se as (muitas) calorias em excesso e solta-se a alma.