reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sábado, março 31, 2007

Se se percorrem veias e artérias segundo monitorizados esquemas de localização; se de seringas se extrai o suco que dirá das mil e uma funções o estado geral corpo; se da engenharia genética nos chegam maravilhosas monstruosidades; se em manómetros e micras visitamos moléculas de DNA, se da vesícula se extrai a pedra sem necessidade de expor o órgão, por que raio, afinal, não se poderá retirar a "pedra" da loucura para alívio do paciente e de quem padece por osmose?
Dos tempos medievais vem a crença da extracção da tenebrosa lápide de sepulcro da razão. Impede a visão da realidade, dos seus contornos e vê-la assim desfocada sem apreciação que se louve, apresentarem-na aos nossos olhos por retinas de ópticas ilusórias e paranóicas, sem possibilidade funcional de reclamarmos a lógica do raciocínio é coisa de difícil aceitação.
Criam padrões de desconfiança e suspeita constantes, de modo que os motivos dos outros são interpretados como malévolos. Negam a existência da doença e qualquer tipo de ajuda. Contrariá-los é aumentar a revolta e a fúria que têm contra o mundo.
Distúrbios de personalidade, insanidade que floresce como um campo de tulipas negras que se multiplicam por bolbos envolvendo em camadas cada vez mais espessas e escuras o que um dia foi luz.

segunda-feira, março 26, 2007



Dos "grandes portugueses" fica esta imagem, que não constava da lista por ser de um colectivo impróprio para o concurso, mas que por inerência determinava o vencedor. As características que mais o empobrecem reveêm-se no resultado: dados viciados, a astúcia baixa, o jogo de sapa, a sacanice, a ausência de brio interventivo, a deseducação e o sarcasmo como resposta. Acredito que este é um resultado pouco elucidativo da real escolha dos portugueses, mas é um péssimo indício para o estado da democracia portuguesa. A esta hora da madrugada a esperteza saloia parece-me ainda mais repugnante! Sem pingo de glória.Fica o mérito de se ouvir falar da nossa história numa televisão vazia de conteúdo pedagógico.

quinta-feira, março 22, 2007




Dos cíclicos ciclos em que circulamos(acentuar os sss) chegam-nos sons sibilosos de uma nostalgia imersa em penas... doridas, saudosas, ressentidas, quebradas como paus secos pelo soalheira do tempo. Tememos finais. Numa infantilidade que não nos vai bem evitamo-los ou permitimos que amadureçam e caiam velhos e caducos. Tempo gasto, desperdício de emoções alongadas, entre incertezas pouco dignas de louvor nos outros e de aparência prudente em nós.
Somos realmente muito bons no aconselhamento, no delinear de estratégias, no planeamento das curvas e contracurvas dos trilhos alheios e, na nossa seara, medimos milimetricamente o terreno, perscrutamos a cartografia interna com olhares que invadem as vísceras dos sentimentos e, atolados em entranhas remexidas, esperamos o sinal de partida para um fim.
E se os fins fossem os princípios? Esquecemo-nos que chegado um fim entramos num começo. Que adrenalina maior terá algo acabado de começar! Mas é entre o fim e o começo que existe aquele vácuo, aquele soco que sufoca, em que sistemas simpáticos e parasimpáticos se atropelam e nos sentimos ambulantes da vida.

terça-feira, março 20, 2007


Passa o tempo naquele ritmo alheio a nós e às nossas vontades. Deixa-nos ali no meio do caminho sem perceber que perdemos o ritmo, que a inércia nos esgotou o andar. Trôpegos nos sentimos sem perceber se o certo é acelerar na continuidade, se parar para retemperar forças, se olhar para trás e ficar por lá num recanto mais temperado de harmonia.
Vai daí, vem aquela bolha de vida que nos faz efervescer e acreditar que ainda é tempo de inovar, de nos transcendermos apesar de tudo desmoronar à nossa volta como um castelo de cartas, novinho em folha mas frágil no equilíbrio.
Rápidos como felinos agarramo-nos à agitação impressa e emergimos do fundo de nós, atravessamos desertos para encurtar caminho, refrescamo-nos em óasis que surpreendentemente nos surgem do nada, imprimimos velocidade e tenacidade ao andamento e criamos spinoffs inimagináveis de rejuvenescimento e liberdade.
Enganos, verdades, reencontros, renovação...vida!

sexta-feira, março 16, 2007

Da baixa incontinente ao trabalho saí sem alta, que ainda era tempo de tratar de mais meia dúzia de assuntos que pendiam da urgência, mas a voz do outro lado pedindo ajuda levou-me a levantar voo directo para casa.
Vê-la só ao fim-de-semana tem premências que se acentuam quando lhe sinto na voz o rogo da presença. Mãe sinto-me mal!Era tudo o que não queria ouvir.
Duas horas de exposição ao sol quente que se fez sentir devem ter ditado a quebra de tensão e a dor de cabeça insuportável que sentia. Mas da agronomia faz caminho e no campo da engenharia dos dias há momentos a que não se pode voltar as costas.
Encontrei-a deitada, com o rosto pálido e o corpo frouxo. Quisera eu todas as dores. Deitei-me ao seu lado. Dos dúcteis braços que só uma mãe tem, envolvi-a num abraço promissor de melhoras. "Mãe passa a tua mão pela minha cabeça...quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade..." e adormecemos as duas.

quinta-feira, março 15, 2007


Da cidade



"A Câmara de Santarém promove hoje, no Jardim das Portas do Sol, actividades "medievais" que visam assinalar os 860 anos da tomada de Santarém aos mouros e realçar a importância do primeiro rei de Portugal.
A iniciativa surge associada à campanha de cartazes que uma associação tem vindo a promover em várias cidades portuguesas e que apelam ao voto em D. Afonso Henriques no programa da RTP "Grandes Portugueses" e a qual a autarquia decidiu apoiar (nomeadamente facultando os placards).
"Ele lutou pela nossa cidade, vamos lutar por ele", é a frase que nos últimos dias encheu alguns painéis da cidade, além de os jornais locais terem incluído encartes dedicados a D. Afonso Henriques, multiplicando o apelo ao voto no primeiro rei de Portugal.
Francisco Moita Flores, presidente da Câmara Municipal de Santarém, disse à Agência Lusa que as iniciativas que hoje decorrem nas Portas do Sol, direccionadas às crianças das escolas do primeiro ciclo e às famílias, visam também ajudar as crianças a verem o primeiro rei de Portugal com um olhar mais positivo.
É que, num inquérito realizado por um jornal local, as crianças referiram atributos menos positivos de D. Afonso Henriques e a autarquia gostaria que, com a iniciativa de hoje, ficassem com "outra ideia do nosso primeiro rei", afirmou.
Ao longo do dia, jograis, malabaristas, bobos, esgrima, jogos tradicionais, ginástica, um torneio medieval, música da época e, à hora do almoço, porco assado no espeto, vão animar o jardim, situado na antiga Alcáçova, onde se destaca uma estátua do primeiro rei de Portugal."
Concursos idiotas à parte, estaremos em festa até ao próximo dia 19 de Março, feriado municipal.

quarta-feira, março 14, 2007

Ousadias de uma "pintora" ribatejana...
Flores por Ti.



"Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afecto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora".
Vinicius de Moraes

domingo, março 11, 2007

Recado ao Zé


«Não há desculpas para adiar o que é preciso fazer.»


Ousadias duma "pintora" ribatejana



Porque existem lugares mágicos que nos inspiram...!

quinta-feira, março 08, 2007

She

Uma história de amor para cada um de vós!


Umas dicas para eles...



"Pois" É a palavra que a mulher usa para acabar uma discussão quando ela decidiu que tem razão e quer mandar calar o homem, o qual ainda não entendeu quem tem mesmo razão.


"Não é nada" Deve ser interpretado como a calma antes da tempestade. Significa "alguma coisa", e é sempre um sinal de alarme. As discussões começam com "Não é nada", e costumam acabar com Pois.

"Faz como quiseres..." É sempre um desafio, nunca uma autorização. O homem corre perigo sério se tentar fazer como quer!


Suspiro profundo Na realidade não é uma palavra, mas uma afirmação não verbal que os homens raramente compreendem.
O suspiro significa que o homem é um idiota, e que ela pergunta a si mesma de que serve perder tempo a discutir com um idiota - quase sempre a propósito de "nada."


"Está bem" É uma das afirmações mais perigosas que uma mulher pode fazer a um homem. "Está bem" significa que ela vai pensar bastante antes de decidir como e quando o homem vai pagar o mais caro possível pelo seu erro.


"Obrigada..." Não é aconselhável tentar saber o que ela está a agradecer. O homem acabará por descobrir qual o preço a pagar.

Outras não terão estas frescuras e tratam logo tudo pelos nomes, põem os pontos nos iii e o assunto só fica encerrado quando o bom senso chega e abre caminho ao abraço do sorriso.

Para as mulheres da minha vida!

quarta-feira, março 07, 2007


O começo do fim.
Da melodia
chegam acordes de dissonância
o timbre fere
as notas soltam-se
em espamos incontidos
perde-se a harmonia
de nós
da música restam flaches
de sorrisos
perdidos
guardados
reaprender a afinar sem
instrumentos de precisão
desencanto
angústia de solidão
na ausência dos sons
o silêncio vibra
na presença vivida de ti.

segunda-feira, março 05, 2007

The old man

Uma vida inteira rei e senhor da sua casa. Não era preciso elevar a voz, a presença bastava para que tudo estivesse de acordo com os seus ditames. Ninguém ousava questionar mesmo quando a razão o ordenava. O branco escurecia se essa fosse a sua vontade e quem não visse o negrume era pressionado até que a tal assentisse...ou se calasse para sempre.

Uma vida de actividade intensa em que só o que fazia era merecedor de honra, que o resto falhava sempre por falta de profissionalismo, ausência de brio ou brandura na preguiça. Da graça arredio, que foi talhado sem afecto que desbravasse o lazer e o prazer da gargalhada.

Com os outros, o braço de ferro contínuo, numa postura em que o orgulho ferido, se elevava como dragão e insinuava lançar fogo ao mundo. Perseguido, sempre! Por si próprio.

Envelheceu. Perdeu as capacidades que o elevavam aos seus próprios olhos e da aceitação tardia da velhice, vêm-lhe momentos de fúria e tortura do sono, continuando a centralizar a sua figura no redemoinho familiar, que o apoia sempre.

Quando pela primeira vez se encontra longe do controlável, chora. De medo. De solidão. De pena...de si.

Um velho homem que nunca chegou a ser menino. Respeitado, cuidado, acarinhado, por que se entende que nunca foi feliz porque lhe roubaram a infância!


sábado, março 03, 2007

sexta-feira, março 02, 2007

Coisas de Encantar

Quando eu fechar as portas ao sonho estarei definitivamente velha!