tag:blogger.com,1999:blog-329612532024-03-07T21:22:19.764+00:00Entre o Sol e as Brumassinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.comBlogger380125tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-74101960962132750232011-11-20T15:21:00.000+00:002011-11-20T15:21:58.724+00:00o dia estrelou-se de sol. claras em castelo vagueiam em suspiros alongados de medula. no vagão onde entrei cirandam folhas no ar num suicídio lento e pacífico coladas à ondulação da brisa. os ramos dos corpos altos debruçam-se a olhar o chão. paisagem nostálgica de colorido quente e vertiginosamente sábia de vida. repousam os filhos no colo do tempo. hão de adormecer e ser terra para renascer outra vez entre estremunhado alvoroço de fecundidade. por ora prepara-se o útero. constelações eternas bordejam a teia da mãe. ela serena sabe das coisas que pesam. sem pranto eleva-se à alcova da mortalha. finge dormir e fermenta o sonho na esperança vindoura. colo ao vidro o hálito quente e enevoa-se-me o olhar. só o sentir mantém o apelo à aprendizagem.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-23947789736090528512011-08-02T18:21:00.000+01:002011-08-02T18:21:25.102+01:00<strong>intensidade</strong><br />
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da intensidade conheço-lhe o sabor. das mãos que se unem . das bocas em fogo. do calor dos dias. da invernia nos ossos. dos desejos e ensejos. dos vendavais no templo. a mensurabilidade do nomeado é vínculo do querer. da vontade indómita. da impressão expressa. da destreza da acção. do sabor retirado e da memória que resiste. para além do tempo e do espaço. fica a recordação imutável de momentos. bons e maus. a qualquer género se aplica. há-de perdurar aquilo que na intensidade superou o expectável. e volta em lembrança sem denotado querer. ao abrir dos olhos ainda a luz nas pálpebras cerradas ganha forma de pequeno sol. ao adormecer. ao dobrar a esquina. por serem os sentidos a matriz das estórias dignas da vida. salta na mente e o corpo sente num tombo faiscado de ternura ou temor. é na intensidade que se alonga o feito ou desfeito. é aí o que o amargo ou o mel se fixam no ser. uma noite sem glória. um dia sem gente. de repente à tona vem à memória aquela estória que carimbou a mente.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-48454228625240468972011-08-01T19:47:00.001+01:002011-08-02T18:24:49.055+01:00<strong>trazem o pecado atado à coleira </strong><br />
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entre o sopé e o cume da montanha anda em transumância o rebanho dos mitos. é vê-los pastar e engordar a regência dos deuses. trazem o pecado atado à coleira do pastor. na lã fofa criam-se cardos de palha seca. sem qualquer serventia. tivesse vagar o pastor e retiraria um a um os miolos encarrapiçados da pele. mas não. o cajado é instrumento de difícil manejo. e retirá-lo dos costados para fazer o que ainda não foi feito é vantagem desbaratada pelo descrédito. no olimpo as ordens foram claras. olhar o rebanho com rigor no dito e no desdito bordão ao pêlo. que a fé é coisa feita a preceito do nascer do grito até a gadanha ganhar firmeza no restolho e ceifar as varas informes lá pela tardinha. assim se avantaja o alimento dos deuses. aos súbditos criam-se frutos proibidos. para babarem ao vê-los. tocar é pecado mortal. comer nem se fala. deixem aos olhos o caldo salgado da prova restrita. mastigue-se o enfado sem sabor e uma ou outra graça que aos trambolhões caia do céu. agradeça-se sempre. deite-se-lhe a mão quando aprouver aos altíssimos e a paz na terra o ditar.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-8537057139118460062011-04-21T15:36:00.000+01:002011-04-21T15:36:49.417+01:00<span style="color: yellow;"></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiooA3yHeYE3HtVZtOcnwWVsJhA2I713GQgzLkbvIXM_5WxJYxduU9pM41vN2tgPEltJnui6RaYe2DDQI7MhHGOF1xzJ-_H_YcNijmxQW7onsRbsyLCAc7MO4IfayW3HQDxV_UwJw/s1600-h/frida_kahlo_the_love_embrace_of_the_universe_1949.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5306129666571899794" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiooA3yHeYE3HtVZtOcnwWVsJhA2I713GQgzLkbvIXM_5WxJYxduU9pM41vN2tgPEltJnui6RaYe2DDQI7MhHGOF1xzJ-_H_YcNijmxQW7onsRbsyLCAc7MO4IfayW3HQDxV_UwJw/s320/frida_kahlo_the_love_embrace_of_the_universe_1949.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 268px;" /></a><br />
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<div style="text-align: justify;">o dia acordou chuvoso e o vento batia na terra com a fúria de agressor sem piedade. arrastava os restos de inverno para a arrecadação do tempo sem escolha. a secura gretada das árvores era amolecida pelas chuvadas grossas. pingavam do céu as paredes dos corpos hirtos ao vento. as árvores anunciavam o sono de braços erguidos em lamentos que quebravam os ossos do silêncio. o sossego da casa encontrava-me em letargia. profunda. no cimo da porta um sino anunciou quebranto do medo. em espelho de luzes e sítios e asas de sonho. espantado e desperto virou das avessas as portas do dia anunciando o sol. milhas de caminho ecoaram no corpo luz da aventura. a descoberta como a única certeza. a certeza da alegria entre a partida e a chegada. hiato com formas de geometria perfeita envolviam a mescla de pudor e rasgo. rasgou-se o dia em serpentinas de montes perdidos dos olhos sedentos de rumo. encontro com deuses em sossego feito nós de abraços e laços de ternura. desmedida. como queda de água que se prende no peito e solta a torrente em vasos de mãos e bocas de ramos pendidos, quebrados pela força dos anos sem idade. gravidade serena em pêndulos de braços seguros. o barulho das águas soltava o tumulto doce em sangue de terra e fogo e ar e água. </div><div style="text-align: justify;"><br />
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<div align="justify"></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-60308500157214077762011-01-18T19:53:00.000+00:002011-01-18T19:53:28.403+00:00Chopin, Nocturne in E-flat Major, opus 9 no.2, Piano Solo (animated score)<iframe height="295" src="http://www.youtube.com/embed/--ykTqoQnqI?fs=1" frameborder="0" width="480"></iframe>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-36389451260265952922011-01-17T21:35:00.000+00:002011-01-17T21:35:19.120+00:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-C44u3dQTjjZa2dwWC3Oxvd6mnCvXZ5K-REGuZ70ltfqN8Ua_-rPSvFsKGXUm1OX-PQ_6FLPZuPqOdGRmlkFVpm53MU7m0qbkBcPi3GvQKijpy-P7so5B0LGEBDikHJDAsO9Xgw/s1600/sunflower2.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5511344526599556194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-C44u3dQTjjZa2dwWC3Oxvd6mnCvXZ5K-REGuZ70ltfqN8Ua_-rPSvFsKGXUm1OX-PQ_6FLPZuPqOdGRmlkFVpm53MU7m0qbkBcPi3GvQKijpy-P7so5B0LGEBDikHJDAsO9Xgw/s320/sunflower2.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
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<div style="text-align: center;"><strong>.entre os dias o sol gira com a unicidade dum jeito feito calvário de servidão. </strong></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-90572356245444761432011-01-17T21:29:00.000+00:002011-01-17T21:29:50.746+00:00Una Furtiva lagrima - Rolando Villazon<iframe height="344" src="http://www.youtube.com/embed/UUI8rpMzsC8?fs=1" frameborder="0" width="425"></iframe>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-14461882078799306432011-01-02T15:38:00.000+00:002011-01-02T15:38:32.339+00:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqg_OIiqtOcErpgBzFsCx4QI5mJ7KRRScClJjSKUOTXkpl6YuhfZzXllab9fwe43qaJp2lSZx76TMdtTKWJbLAsgsbCWt8-bRTR3RbsNVFKICLrfkSX1ThHb9n3GylJpQwkI5aeQ/s1600/Corinth_Lovis-Morning_Sun.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqg_OIiqtOcErpgBzFsCx4QI5mJ7KRRScClJjSKUOTXkpl6YuhfZzXllab9fwe43qaJp2lSZx76TMdtTKWJbLAsgsbCWt8-bRTR3RbsNVFKICLrfkSX1ThHb9n3GylJpQwkI5aeQ/s320/Corinth_Lovis-Morning_Sun.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Lovis Corinth- Sun Morning</span></div><div style="text-align: center;"><br />
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A luz que se espelha nos olhos nem sempre se sabe de onde vem. Mas sabe tão bem!sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-47550370322319432362010-12-31T14:23:00.000+00:002010-12-31T14:23:28.264+00:00Hello - Lionel Richie!<iframe height="344" src="http://www.youtube.com/embed/LSQDqNFvYD4?fs=1" frameborder="0" width="425"></iframe>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-28417809735253911672010-10-25T22:37:00.000+01:002010-10-25T22:37:07.210+01:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcIL5YXXZUh7uZXHzrHDYUrZ8LhB7Hk5GhTJZ9_71sphlAgLslEnuZk9od7pIxFeuA0nfxw8uKo_u__Xn8mwBuwGMVClUrW-S0FUXw7pi5e-M5LljRChVuRGaR9wR-mUMgA00zqA/s1600/mg3--musiciitheafternoon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcIL5YXXZUh7uZXHzrHDYUrZ8LhB7Hk5GhTJZ9_71sphlAgLslEnuZk9od7pIxFeuA0nfxw8uKo_u__Xn8mwBuwGMVClUrW-S0FUXw7pi5e-M5LljRChVuRGaR9wR-mUMgA00zqA/s320/mg3--musiciitheafternoon.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
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</div>às vezes tenho a firmeza de ser tarde. do muito se estar a reduzir ao nada. da panela no fogão ter da água o vinco da evaporação. de ser ter esfumado o caldo que adoça o erguer. como um cão cansado deitando a língua pendente fora da serra dos dentes. tantas vezes se caiaram os dias que a cal já não agarra às paredes. é necessário raspar a caliça e restaurar o sustento das muralhas. frágeis. com buracos nas sandálias e brechas nas vestes das veias. a carne viva da vida exposta em salmoura pendurada no tempo. oscilando num vai-vem de fustigantes aragens. frias.quentes. semi-frias. mas é na sentida vertigem dos sentidos que se arejam os sinais vitais da melodia das cores e dos sons. da luz e do escuro. do feito. comprido. sempre encolhido pela vontade de ser maior. olho o pano tecido em quilómetros palmilhados e... às vezes vejo o pomar cheio de frutos por colher e tenho a certeza que ainda é cedo para ser tarde.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-8735217372386269432010-10-16T18:14:00.000+01:002010-10-16T18:14:21.506+01:00<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd5ylr9lV_YjWLoa9RqJVJQ6QNR4UFqhw9Mw9-GbukdZknQhzl9xBSNbBAhEkAzKjvlsZSdTkSvAx9JNWCjm2B_iyK7Q0f8b4zWN91LT5weeXKwjKE2sFc7Q6S2dcN0aBSrN07Kw/s1600/autumn-leaves-japan_25290_990x742.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd5ylr9lV_YjWLoa9RqJVJQ6QNR4UFqhw9Mw9-GbukdZknQhzl9xBSNbBAhEkAzKjvlsZSdTkSvAx9JNWCjm2B_iyK7Q0f8b4zWN91LT5weeXKwjKE2sFc7Q6S2dcN0aBSrN07Kw/s320/autumn-leaves-japan_25290_990x742.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>os mesmos dias que vestiram a saudade vieram visitar-me sem autorização. pernoitaram na minha eira e sedentarizaram a vida. ei-los a eito como planície fecunda de suspiros e sorrisos lânguidos. os olhos dos dias são a alma do horizonte quieto e adormecido como pasto certo sem campo de fuga. a boca dos dias é o fogo posto no ventre ardente como deserto imenso sem a frescura dos oásis. o cheiro dos dias é a fragrância do silêncio distante que cobre a terra como renda fina. o sabor dos dias é a boca seca duma gruta austera onde o vento há muito selou a nutrição. o ouvido dos dias está na porta da tua boca à espera da nota certa que será começo de melodia. </div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-40195348496053809042010-10-10T01:15:00.013+01:002010-10-10T01:35:48.480+01:00<strong>Fim de tarde</strong><br />
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<strong><span style="font-size: large;"></span></strong><br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3plnrn7Dkp6Eje7mDJ9km8fpMJTISAY84Weh8iLWRO6jlE58Ypr3eBwi4O3fRwce-yHhh8gWtb9PxWKMxR0WioAZcGl32L3s9oI3Uk8HL5TeecZASqIZj-NxbFm8wG55MdfrQGw/s1600/Chuva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3plnrn7Dkp6Eje7mDJ9km8fpMJTISAY84Weh8iLWRO6jlE58Ypr3eBwi4O3fRwce-yHhh8gWtb9PxWKMxR0WioAZcGl32L3s9oI3Uk8HL5TeecZASqIZj-NxbFm8wG55MdfrQGw/s320/Chuva.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
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</div>a visita aconteceu ao fim da jornada. caiu-me no olhar entrando pela janela do horizonte. primeiro tingiu-se em tonalidades de agressividade simbólica. os cinzentos marearam-lhe o rosto em ondas de castelos que cavalgavam espaços como fumarolas encardidas de sonho. revolveu-se em abraços de luta e dança num classicismo de corpos embriagados que se amam. instalou-se à minha frente. a tormenta do amor esfomeado regou a terra numa obliquidade temporária. depois a verticalidade dos corpos dos pingos era rega de afortunada colheita. orgásmica e louca. sorri-lhe. seduziu-me. um pássaro rasgou a fúria com asas de atrevimento. o ar riu do momento e desfez-se em abertas de um branco lírico. acalmou a melodia pesada na manta dos telhados. o céu reuniu-se em manchas de azul e pragas de branco. o sol espreitou. e fez-se a cama fofa da noite. terminou num até já.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-44102372689576677332010-09-26T21:43:00.013+01:002010-10-10T14:34:58.944+01:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUVt_4wfnWD_gwKtaXhM260rYCPTDkodiYP_cQeYz-KJFQ5x-v6S6E8HLxRTWFYfUMAoUe2UJDs4wZgJuwav2QrysaOf4L3gyIn9CJrm98kWHjcFSzScwP1e7_r6iWHTVwD_QQvg/s1600/cansa%C3%A7o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUVt_4wfnWD_gwKtaXhM260rYCPTDkodiYP_cQeYz-KJFQ5x-v6S6E8HLxRTWFYfUMAoUe2UJDs4wZgJuwav2QrysaOf4L3gyIn9CJrm98kWHjcFSzScwP1e7_r6iWHTVwD_QQvg/s320/cansa%C3%A7o.jpg" width="156" /></a></div><strong>Círculos fechados</strong><br />
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o sol vai percorrendo a vida por onde ando.dizem que nasce. que se põe. não que eu o ache, mas até parece que da verdade se animam estas imagens. e soltam-se em círculos fechados. vão e voltam numa renovação gasta de vontades alheias. perpetuando o dia e a noite até que a viagem acabe. não para esse viajante parado. cheio de vida e coisas quentes e, aparentemente, eternas e ardentes. diabólicas as coisas que encerra esse tesouro do espaço (cheio de mistério e fantasmas leves que flutuam nos ares como bolas de sabão sopradas da boca de uma criança). mas dizia eu. que me perdi. o sol marca um ritmo qualquer ao qual obedeço. dá-me ordens e eu curvo-me. não que me apeteça realmente obedecer. afinal sou um animal selvagem dentro do fato da civilização. mas perdi as garras. quero arranhar as barbas do sol e deitar-lhe um balde de água fria dentro da barriga. subir-lhe para as costas e sentar-me a olhar a imensidão do meu jeito. porque o meu jeito é olhar. sentir com os olhos, com os ouvidos, com as mãos , os pés, esfregar o nariz na boca doce da vida. andar mais devagar agora que se faz tarde. e querem que corra. que supere os limites de mim. já não me apetece. quero fazer do sol um brinquedo. e jogar com ele ao esconde-esconde.sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-32954298869223057372010-09-23T20:53:00.017+01:002010-09-28T21:00:07.351+01:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHViXyg-H_c7uBkEXn4UspZ3plSYZQh2Ha_10m4TcRY8Z5AxXh7ak11WMXaSEHL_KjBWOCLKyhJh9SDaW-nqDMBJz28U1p3H-OGRlbHhh1_3__KtXi6oVRDc_A-mt3GpfECzF_Ug/s1600-h/3janelas73-full;init_.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5444806650584713170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHViXyg-H_c7uBkEXn4UspZ3plSYZQh2Ha_10m4TcRY8Z5AxXh7ak11WMXaSEHL_KjBWOCLKyhJh9SDaW-nqDMBJz28U1p3H-OGRlbHhh1_3__KtXi6oVRDc_A-mt3GpfECzF_Ug/s320/3janelas73-full;init_.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 238px;" /></a><br />
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<br />
<div align="justify">queria correr para aqui com vontade de abrir portadas. sacudir as palavras carcomidas pelo tempo. vasculhar cada lugar onde a memória se fez renda. limpar as vidraças das poeiras embebidas em pingos de chuva. talvez choro. queria retirar a música já riscada de cansaço...queria...mas não tenho força. ainda. há um muro a transpor e os braços e as pernas trôpegos a tremer. inertes. falta-lhes a mola da vontade. durmo num sono frenético entrecortado de lesmas e preguiças cansadas sem encosto. abandono-me ao tempo da mecha. serei a bolha que espera a primavera da alma. preciso de sol nascente. estou envolta em brumas misteriosas que não me dão tréguas. e eu sem força para levantar o ferrolho da vidraça finjo que adormeço. hiberno na vida que me prende.</div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-88852225528242217902009-03-26T21:33:00.003+00:002009-03-29T16:30:24.754+01:00<strong>A princesa dos sonhos</strong><br /><br /><br />Num país distante para lá da casa do vento, numa curva do tempo, entre as montanhas de sol e brumas, nasceu uma princesa de olhos tristes. A surpresa do olhar profundo e triste daquele bebé trazia consigo um segredo temível para quem a olhava de longe ou perto. Daqueles olhos grandes, de um castanho amendoado, soltavam-se espirais de nuvens cinzentas, que subiam no ar sempre que um adulto se aproximava dela.<br /><br />No dia do seu nascimento, a manhã acordara cedo, com a nostalgia de ser Inverno,húmido e frio. As paredes do castelo onde nasceu, solitariamente desabrigadas, vestiram-se de trepadeiras que taparam as portas e as janelas. E quando se ouviu o primeiro choro da princesa, as nuvens taparam o sol para nunca mais se avistar naquele recanto do reino.<br /><br />Cresceu num quarto forrado em algodão em rama para absorver a humidade que lhe saía dos olhos e, não havia médico, nem remédio capaz de secar aquela fonte imensa de vapor de água salgado.O pai da princesa era meio homem, meio leão e, todos os dias, saía cedo do castelo para ir caçar.Raramente se lembrava que a princesa existia. Quando ele chegava, ela ouvia a porta do castelo bater com força e corria para junto da rainha mãe que lhe soprava carinhosamente a nuvem acabada de se formar no olhar.<br /><br />Às vezes, ela procurava o rei seu pai e falava-lhe das cores do seu mundo acabado de nascer e de como já conseguira deixar o céu azul durante toda a manhã, nos jardins do castelo. Mas as nuvens que se formavam enquanto falava, irritavam o pai que lhe rugia com os olhos vermelhos de sangue e raiva. Ela arrefecia nas nuvens cinzentas de chumbo que a envolviam e voltava para o seu trono.<br /><br />O trono da princesa era alto demais para ela, fora construído a pensar na sua vida adulta. Para subir para lá ela sentia-se anã. Segurava-se com força e depois de muito se esforçar e não conseguir, vinha uma ama que a agarrava ao colo e a deixava sentada lá, com as pernas penduradas como pêndulos e os pés sem tocar no chão. Era ali o único lugar, onde conseguia espreitar o mundo dos adultos sem os achar gigantes e pensava se algum dia conseguiria entendê-los. Segurava-se bem para não cair e ficava ali horas a fio, a dobrar ideias, a falar com os seus botões, a desfiar rosários de palavras que nunca disse, a sonhar alegrias, a construir nuvens claras com formas de animais e figuras bizarras... chegava a sorrir. Quando isto acontecia, as figuras-nuvens evaporavam-se no ar como por magia. No seu trono dos sonhos, a princesa chegava a sentir-se feliz.<br /><br />A princesa de olhos tristes foi crescendo e começou a espreitar o mundo ao seu redor, Reparava como as outras crianças da sua idade brincavam felizes nas ruas pobres e sujas do seu reino, de como se divertiam nas tardes frias de Inverno, durante as fracas alveiradas de sol...de como se empoeiravam de terra quente , durante os grandes dias de Verão... enquanto ela ficava sentada no trono, a tecer sonhos de rostos felizes,a desenhar estrelas cadentes que embelezassem as palavras, a pintar arco-íris cheios de aventuras e surpresas,a sonhar com olhos sem nuvens...<br /><br />Um dia a princesa, saiu do castelo, atrevendo-se a ver a vida para lá daquelas paredes onde permanecia prisioneira do seu infortúnio. Quis saber como eram as pessoas para lá dos vultos que não ousavam olhar as ameias do seu mundo.Era um dia de Outono frio e gelado,quase Inverno. O vento agreste fustigava o corpo em golpes duros e impiedosos, mas rente à pele e ao coração, a princesa levava a esperança de encontrar alguém que a ensinasse a falar sem nuvens, a respirar os sonhos que acalentava, a descobrir o sol por detrás das montanhas de brumas em que se movia.Tremiam-lhe as pernas de insegurança, levava consigo os olhos grávidos de vapor de água e, nas nuvens cinzentas de chumbo, o frio aproximava as gotículas e construía alvos cristais que deslizavam para a terra. Desciam e cobriam de branco o que antes reflectia o negrume do céu.<br /><br />As ruas estavam vazias de gente, não se avistava sequer um animal nas redondezas e ela continuava a andar como se soubesse o que procurava, como se tivesse a certeza que iria encontrar alguém que a ajudaria. Por fim, acabaram as casas e ela continuou a caminhada pelo pequeno bosque sombrio que ladeava o sopé da montanha da qual nunca avistara o cume.<br /><br />Cansada e ansiosa, sentou-se numa pedra a descansar um pouco. Só o vento falava naquelas paragens e os ramos das árvores, dançavam pesados com copas de neve que se avolumavam. De repente, avistou um rapazinho que tremia apesar do bom agasalho que lhe cobria os ombros. Era alto e magro, as madeixas de cabelo revoltavam-lhe ao vento, permanecia de olhos fechados e expunha a cara para o céu, como que suplicando uma ajuda dos deuses. Tinha porte de príncipe, esbelto e audaz, e nas suas mãos segurava um lápis e um papel molhado onde estava desenhado um sol.<br /><br />- Olá! - disse a princesa dos sonhos.<br /><br />Ele abriu os olhos e esboçou um sorriso triste, enquanto se levantada para a cumprimentar.<br /><br />- Olá, princesa! Sei quem tu és porque te vejo, às vezes, enquanto passeias no teu jardim.- disse o rapaz.<br /><br />Enquanto falavam um com o outro, nuvens flutuavam de lá para cá. Sem nenhum dos dois se incomodar com o que acontecia, perceberam que ambos tinham sido amaldiçoados pela mesma doença. Todos os dias, a partir daí, se encontravam para conversar. Adivinhavam palavras, antecipavam sentimentos um do outro, sabiam de cor o sabor e cheiro das nuvens, o perfume salgado da solidão... Ele mostrava-lhe os desenhos que fazia para tecer a sua alma e as dos outros e ela as palavras que escrevia como luto dos sonhos inacabados.Ficaram amigos para a vida.<br /><br />A cada dia se abria mais clareiras nos seus olhos, havia momentos em que tudo se dissipava no horizonte e uma claridade próspera os envolvia. Sorriam, nesses momentos e, dos olhos tristes de ambos, nasciam brilhos de tonalidades surpreendentes.Acreditaram que juntos sarariam aquele mar numa evaporação definitiva. Simultaneamente, ou à vez, encorajavam a vontade quando algum fraquejava. Arriscaram o convívio com outras pessoas para confirmarem a sua cura. Era preciso que cada um acreditasse que essa ligação era possível. Que os outros gostariam deles mesmo que o densidade nublosa surgisse de quando em vez.<br /><br />Não se sabe ao certo o que aconteceu aos dois. No entanto, a princesa passou a acreditar nos seus sonhos. O rapaz, determinou-se na sua afirmação.<br /><br />Sabe-se que da última vez que se viram, um céu azul cobria o mundo, cheio de sóis quentes e sem nuvens...sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-12291198416401998392009-02-26T21:32:00.003+00:002009-02-26T22:32:31.252+00:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY8Up7oqUJJTTa1fsTk7xyz2zeTrWhY4hr47jROBJNNly34qt9YQ4kOUW5NS7Sd8huYuVGGy-VLpFARegvazYEnPUMcoxzitlzPkKYQRgvA9uuUnY7VHOg3CrXID7dpQilKCEk_g/s1600-h/11Janelas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307237247003696722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 316px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY8Up7oqUJJTTa1fsTk7xyz2zeTrWhY4hr47jROBJNNly34qt9YQ4kOUW5NS7Sd8huYuVGGy-VLpFARegvazYEnPUMcoxzitlzPkKYQRgvA9uuUnY7VHOg3CrXID7dpQilKCEk_g/s320/11Janelas.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><div align="justify">ouço a serena quietude do sobressalto das águas em meu redor. cascatas em regatos líricos permeiam-me o corpo. sinto o frio do degelo no núcleo central do sangue. pressinto a inundação das paredes gastas do corpo. uma imersão lenta num lago parado do tempo sem sol. a caliça da pele despe o murmúrio intenso feito olhares sem ombro. tudo pára. os ramos das árvores ainda nuas suspendem o vento. pesam o mundo num pendor de sono. mergulham na corrente lisa de atropelos. resta o silêncio forense dos montes longínquos. sombras irreais. como sonho parado na paisagem do pensamento. inerte. num ritmo contínuo de descontinuidades. afogo o silêncio no coito do dia com a noite e acendo as luzes fora de mim. o lado escuro da luz. o eco da luz dentro de mim traz-me aos ouvidos palavras cor-de-rosa. cinzentas. vazias. plenas de sentido. acalmo a torrente nas calotes de gelo e fogo e aqueço-me na alcova do ninho que me prende o olhar através da janela. há sempre janelas que me elevam o olhar... </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-50718202360886449202009-02-25T21:06:00.000+00:002009-02-25T21:47:46.311+00:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJNkxG8LKm8FH4lxYdP20FMgW-jbgeUYGl1BCdzq0UzPR6PIk2ObEGGZ54pSLIrN4f9THU4YIfskCMBmd90tBnHCE2ScHS2iHRt1R4RSSCSaRTZL8N5Za26QjnZ46jmoSfGhYgFg/s1600-h/DR2457_1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5306853610926331858" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJNkxG8LKm8FH4lxYdP20FMgW-jbgeUYGl1BCdzq0UzPR6PIk2ObEGGZ54pSLIrN4f9THU4YIfskCMBmd90tBnHCE2ScHS2iHRt1R4RSSCSaRTZL8N5Za26QjnZ46jmoSfGhYgFg/s320/DR2457_1.jpg" border="0" /></a><br /><div align="right"></div><br /><div align="right">a minha religiosidade é sofrível. mas de fé, crença, firmeza, convicção nas coisas e pessoas, intenção...tenho os bolsos cheios. verdade que, às vezes, dou por eles rotos. perco mesmo coisas importantes para a vida. a minha.</div><br /><div align="right"></div><br /><div align="right"></div><br /><div align="right"></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-33048633007337840772009-02-22T20:21:00.004+00:002009-02-23T14:39:54.130+00:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM4jZyAgFYjAa8lLNzfU2yc7aGZqj3FOP-KpFzf5__qlKJ7jmNA3Cd23VLovYiYXOa_ezVaPZJsIWBs8p-GJcxqo2OEy8SFcvIQS9PlsRUIRVkXGUYk13ddNXDWdjnRclGrO6aXA/s1600-h/01.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5306002019799938290" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM4jZyAgFYjAa8lLNzfU2yc7aGZqj3FOP-KpFzf5__qlKJ7jmNA3Cd23VLovYiYXOa_ezVaPZJsIWBs8p-GJcxqo2OEy8SFcvIQS9PlsRUIRVkXGUYk13ddNXDWdjnRclGrO6aXA/s320/01.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><div align="right">volta, estás perdoada- disse amigo que não conheço pessoalmente, mas que admiro por tudo o que escreve e transmite. saiu-me o sorriso e a saudade ao encontro de todos os que encontrei por aqui e dos quais tenho andado afastada. pode ser que o sol me anime a escrita. pode ser que a tempestade amaine os dias brancos e lisos de brumas de enxofre que me feriram a retina nos meses de ausência. pode ser que pinte um quadro de luz azul e o ofereça a quem me visita ainda. pode ser...</div><br /><div></div><br /><div></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-25046548441604038922008-11-25T20:53:00.001+00:002008-11-25T22:32:52.129+00:00<p></p><p><br /></p><div align="justify">a página branca. imaculada. os olhos não podem ver o que escrevi no pensamento se das mãos não sair pegada. impressos a cinza amasso os risos e os choros. vazo-os no caldo quente das memórias revoltas e remexo tudo com carinho. um dia hão-de ser palavras escritas. agora são só folhas brancas por fora e prenhes de sons sem denominação audível. tanto por dizer. tanto por saber. tanto por pensar. tanto por fazer. estarei no tempo de construir e destruir reconstruindo por dentro. sempre. depois soltarei o pensamento como o vento no fim de uma tarde fria de outono. será agreste e cortante. um arrepio de alma sem sonhos de verão. será o perfume da terra molhada no pousio de restolho cortado. será o aroma dos frutos maduros. das flores com raízes suculentas e profundas. poderá ser tudo isso ou nada. por agora recolho as imagens. podo as palavras. planto a árvore. dela farei sombra e encosto para continuar aparentemente quieta e calada. se nada escrever nunca mais assinarei num coração o meu nome. esse está vivo e sente. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-42545719324776459812008-11-24T19:52:00.008+00:002008-11-24T22:41:30.883+00:00<div align="justify"></div><div align="justify">nada que escreva me agrada. queria ser poeta e não sou. verbalizar os dias cheios de abril. sacudir ao vento as emoções. carregadas nas nódoas do olhar. nos arco-íris que visito sem folgas. diariamente. mostrar o meu tesouro escondido a sete chaves. ter um museu com visitas gratuitas só de palavras escritas nas paredes. e desenhos. muitos desenhos. desenhos com olhos que falassem. e almofadas. muitas almofadas espalhadas no chão, onde se sentassem a beber canecas de chá com aromas tão definidos que não fosse preciso perguntar a essência. onde se contassem histórias à lareira que crepitassem faúlhas do sono humano. onde houvesse aquela poção mágica que dá clareza às mentes e saúde aos corpos. queria um museu assim. uma casa aberta para todas as idades. com asas nas janelas e botas de sete léguas nas portas. hoje aqui, amanhã mais adiante. naquela curva do tempo. a sorrir do ido e a respirar futuro. queria ter esta casa. onde todos os que entrassem fossem felizes para sempre como nas histórias de infância. não por alienação ou ingenuidade. mas por aprenderem a sublimar a vida. a vivê-la como magia. a acreditar que o impossível acontece. de bom e mau. mas haverá sempre alguém em quem vale a pena acreditar.</div><div align="justify"></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-56909347069623070352008-10-28T21:01:00.008+00:002008-10-28T21:30:03.155+00:00<p align="justify"><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/0pTgNj7IN80&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><embed src="http://www.youtube.com/v/0pTgNj7IN80&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><strong>...porque a música me harmoniza as arestas dos dias, me serve os silêncios, em pautas de porcelena, trocados por beijos...uma rosa, quando o céu teima em não ficar azul...</strong> </p>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-69812299208369548672008-10-12T23:42:00.000+01:002008-10-12T23:41:49.399+01:00<div align="right"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8GG4aU35hwSkFi_m5hXybvGtYCljDNu7HpjZuK8WMZ6GgZ9vWImLk2xdh_CS-ZvPpQfd96r2eSEJpS9pcKQSyvTbhlcJklXj0-1AakYPbtbFc8RwGCECRdIuU2TtDaUrdFIiZHg/s1600-h/agudia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5256359082301118530" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8GG4aU35hwSkFi_m5hXybvGtYCljDNu7HpjZuK8WMZ6GgZ9vWImLk2xdh_CS-ZvPpQfd96r2eSEJpS9pcKQSyvTbhlcJklXj0-1AakYPbtbFc8RwGCECRdIuU2TtDaUrdFIiZHg/s320/agudia.jpg" border="0" /></a><br /><strong>momentos</strong><br /><br /><div align="justify">uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">agúdia</span> chamou-me. há tanto tempo que não me ligavam nenhuma. fui ver. preta. reluzente. composta de metades cingidas por <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">cinturinha</span> de vespa. a mobilidade impressionou-me como sempre. tal como quando vejo um tractor manobrar um atrelado. pedia <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_2">ajuda</span> no transporte das <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">pedrinhas</span> que se amontoavam no caminho. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">sísifo</span> dera-lhe aquele monte de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">pedrinhas</span> para ela carregar. cansada daquela tarefa achou que eu viera do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">olimpo</span> para a libertar da cruz. do alto do meu metro e sessenta e DOIS verguei-me à natureza outonal e quis saber da sua vida. falou-me em palavras "<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">agúdias</span>", grávidas de esperança e eu saí dali esdrúxula de conhecimento. </div><br /><div align="justify">não. recuso-me a falar de como acabei por lhe queimar involuntariamente uma pata e de como pedi ajuda a um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">agudião</span> que a levasse dali a voar.( a intenção era aquecê-la). que seja feliz no seu formigueiro. nunca mais aquecerei <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">agúdias</span> nem as usarei como isco aos pássaros. já lá vai o tempo em que com <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">agúdias</span> fazia holocausto. entrego-me ao tribunal internacional de <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_11">Haia</span>.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-86383279305582731522008-10-01T20:57:00.004+01:002008-10-01T21:30:16.017+01:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsTM1kcFLYgRYrRS5lFQex47ugOoRzKPrYcHXxdn670XJQRgIHfP8yM11tkR1LX1IqQxBsoRrUUvFixRJhgZUzboDT6i1O5iTGphzytgmTtEX2OUvPxvuTXu4PEOFq5phZZV77fw/s1600-h/collieflower.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5252284381217359794" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsTM1kcFLYgRYrRS5lFQex47ugOoRzKPrYcHXxdn670XJQRgIHfP8yM11tkR1LX1IqQxBsoRrUUvFixRJhgZUzboDT6i1O5iTGphzytgmTtEX2OUvPxvuTXu4PEOFq5phZZV77fw/s320/collieflower.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSfLzcSKrEEuutWyeZxSgnVmiIsDdPPf66JBZ0BwHTUaIYnoV8Vka4S5o8h6_knqmkMhvKPLFqYHJRwr4ZcnBAEOQeXeYAlXZoP-yEhS1Y85fbnuxxC7pMpkmWB0ohGJYt4XtfuA/s1600-h/3+jpg.jpg"></a><br /><br /><div align="justify">assim sem vontade de escrever procuro as letras arrumadas em palavras e semeio-as ao vento fresco do sol posto. deixo ao critério manso deste outono crisálido o desfolhar das mensagens como se a vida andasse arredada da luz do dia. ouço os sons do sino da igreja anunciando horas que não simbolizam nada. não sei se o cão ladra ao som da crise instalada se afina a voz para uivar quando sairmos dela. a televisão opera os vegetais que somos numa inutilidade curativa. o silêncio da casa leva-me ao futuro repetitivo e ensurdecedor do barulho das paredes. o chip da transmutação instalou-se na soleira da alma e os números soltam-se-me no cérebro à procura da ordem crescente das prioridades sem lembrança de mim. seco a medula do trabalho horas a fio e fico encharcada dele pela noite fora como se mais nada fosse importante. adormeço e acordo só para vê-lo crescer e às vezes suspiro pela mama doce da preguiça.</div><br /><br /><div align="justify">ah, mas mesmo assim, os risos das crianças continuam a ser as páginas mais lindas do meu diário. </div></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-14399219363076027962008-09-23T19:35:00.001+01:002008-09-23T21:33:15.787+01:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0paZ84dBVYRnK7mRg7w7RYkZn9ZrE4WLBV_o0OOkrLvmqARaT_RvkflzjPk9tl-U14Dp0bx6a_DQhg0ivGrWFzXq485-3AbGaaUmTQM52-qH35PfsiAdJwBVMMF9mxcoLOxzsGA/s1600-h/Confusion_of_Tongues.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5242905486498451074" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0paZ84dBVYRnK7mRg7w7RYkZn9ZrE4WLBV_o0OOkrLvmqARaT_RvkflzjPk9tl-U14Dp0bx6a_DQhg0ivGrWFzXq485-3AbGaaUmTQM52-qH35PfsiAdJwBVMMF9mxcoLOxzsGA/s320/Confusion_of_Tongues.png" border="0" /></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQNT_L8Q01o2Qs9Cd5aMT5KHv0w8RWpvvQk_aT9o2IP9VRrxSnECMrJCH9DefGYUPu6vMshHKLvMRi2gu14ti31_h0x1onqqqHmursxXtNWSZaQubhpUpTMqrT_ho0CXhOuWmm9w/s1600-h/nabruma.jpg"></a><br /><br /><br /><div align="justify">cheguei de longe e encontrei o mundo virado das avessas. deu-me uma trabalheira arrumá-lo sob as leis da lógica. tentei. juro que tentei. trabalhei dia e noite numa fona dos diabos. sempre que me virava o caos instalava-se. ria nas minhas costas. não. não sei bem se ria. possivelmente chorava. aquele ar palidamente esverdeado era confrangedor. só podia chorar. irritei-me na dúvida. voltei a fazer desesperada os consertos que se impunham e justificavam. enfrentei-o na tentativa de ordem. confrangia-me a mísero estado aquele desafio. assustou-me o grito rouco que saiu de mim. os olhos faiscavam labaredas. o paraíso das águas revoltava-se na tormenta do naufrágio. lancei a mão à boca e arranquei os gritos lancetados de fogo. lavei os olhos ardentes. abri a porta e deixei a luz entrar. branca. sentei-me a seu lado. não precisava olhar para mim. sabia-me ali. senti. quase. quase. quase. a sua mão na minha. a sua súplica. entendi-o. sorri-lhe. estava cansado também. vamos caminhar no caos de mãos dadas. pode ser que o amor devolva a serenidade ao seu mundo. ao meu também.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32961253.post-6002169006028131542008-09-18T23:15:00.001+01:002008-09-18T23:18:14.847+01:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxQLGDRMemwIDTsrT7r56NA6JHvJs6GatWEySz6HX_Wv7rGlaFldiSRvXduIUWOIOdYUDhmEW_kv-YRB_kMxCTM4ySom6lvHzsbnCzQYpd4WyxSekuzHGpzNgPWqGHOD9Y_LWJsg/s1600-h/4704011-lg.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5242897757031579314" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxQLGDRMemwIDTsrT7r56NA6JHvJs6GatWEySz6HX_Wv7rGlaFldiSRvXduIUWOIOdYUDhmEW_kv-YRB_kMxCTM4ySom6lvHzsbnCzQYpd4WyxSekuzHGpzNgPWqGHOD9Y_LWJsg/s320/4704011-lg.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">tenho uma pena que não escreve direito. nem torto. deixou de escrever e voltou à garatuja de andar. solta de rumo. sem pena de penar. é uma pena minha. tão minha que me desenhou os olhos. o nariz. o oval do rosto. me pintou a tez morena. me ensinou as primeiras letras com tinta de dedos na terra macia onde descansava de voar. agora empenou o engenho de ensinar. não para descansar. nem olhar os desenhos conseguidos com orgulho. agora precisa de todo o amor para perder o sujeito e o predicado de pena.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>sinédoquehttp://www.blogger.com/profile/10926909413402851396noreply@blogger.com6