reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sexta-feira, junho 13, 2008



quer o poeta matar a dor. tingi-la de vermelho rubro. sangrá-la do fel que agoniza o instante. soprá-la volátil no espaço da abóbada azul. queimá-la a ferro na franja de carne da consciência. sacudi-la do corpo. ser só palavras e metáforas de alívio. prometer a aurora ao entardecer. ser luz e calor a aconchegar o espírito. quer o poeta brindar com cálice o suco dourado da vida. ceifar o amargo do momento preciso em que se cravaram as esporas. retirar um a um os espinhos tão invisíveis quanto dolorosos. que trabalho árduo o teu, poeta. tens na tinta o caldo inconfundível das cores que revestem o gérmen da dor.



6 comentários:

Xantipa disse...

Há muito tempo que não vinha ler as belas palavras que sempre aqui se encontram.
:)

Nilson Barcelli disse...

O poeta tem um trabalhão... e ninguém lhe paga por isso... eheheheh...

Falando sério, gostei imenso das tuas palavras. Desta vez, poéticas. Como quase sempre. Tu sabes escrever como poucos, parabéns.

Bom fim de semana, beijinhos.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

quer o poeta matar a dor...acho que por vezes o poeta ainda a prolonga mais.

gostei de ler-te.

beij

Unknown disse...

...ou não fosse a arte isso mesmo, em cada forma de arte... se espelha tudo o que encerra a vida... nela a dor...


Linda!

Dois beijos e um abraço duplo e infinitamente profundo

Unknown disse...

Faltou a pergunta:


"...PORQUÊ?..." ;))


Um beijo a dividir por dois, a multiplicar por Infinito e, a transformar num xi ao quadrado!...

Anónimo disse...

ser poeta é ter dores de parto a cada palavra de solidão :) um grande beijinho *