A minha avó me diria
que anda o diabo à solta
ao ouvir a ventania.Mas no coro do momento
os ramos dançam com as musas
em ritmos de alegria.
Sopra e rufa nos cantos
descobrindo desencantos,
segredos de quem diria.
Uivam os lobos à esquina
olhando as pernas da menina
que se descobrem com o vento.
Soçobra a agitação
no mundo da ventania
e liberta a aflição
quando a pele da menina
fica como a da galinha
sem pano de cobrimento.
Oh, que lá se vai a carta
que escrevi ao meu amor!
O vento leva-a pela certaà morada que deserta
a fecha no esquecimento.
Senhor vento, olhe o chapéu
que mesmo agora comprei
na loja da fantasia
roubou-mo ao dar-me um beijo
com essa aragem lisa e fria.
O beijo dava-lho eu...
mas o chapéu, senhor vento
comprado ainda agora
rodopia desalento
sem uma cabeça por dentro.
Senhor vento, vá-se embora
deixe a Primavera entrar
fresca e morna, morna e fria
na suprema alegria
de renascer do tormento.
5 comentários:
querida sinedoque, que encanto está o seu blogue ;) esta fotografia do cabeçalho é uma beleza ;) e gostei muito de ler o poema da avó. um grande beijinho e obrigada pela sua visita. oxalá tenha feito umas férias excelentes!
mudámos a casa, um novo quadro aqui, uma parede de cor diferente ali .. e sinto-me aqui tão bem como me sentia antes :)
a escrita? essa continua .. inigualável
Beijinho e votos de bom fim-de-semana *
este cantinho está muito agradavel, a poesia está excelente..
Belíssimo poema! Tanta ternura luminosa!
O Senhor vento é malandreco... então não é que ele tem a ousadia de descobrir as pernas da menina... e serão lobos, apenas, que à esquina olham para elas...?
Gostei do género descontraído do teu poema.
Escreves bem em qualquer estilo, mesmo a ficar sem chapéu...
Beijinhos.
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