reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

segunda-feira, dezembro 03, 2007


Deserto de palavras

ando com as palavras debaixo da língua atadas em molhos. encho as bochechas com os seus sons mudos e elas na libertação desejada percorrem-me da faringe às têmporas e em mergulho agreste dissolvem-se na saliva que a custo engulo arranhando-me as cordas vocais sem piedade. putas das palavras que não se aninham no quente quimo nem se perdem nas flátulas entranhas de recolhimento. durmam que a noite é longa agora. restaurem-se do afogo e protejam-se do frio que se levanta quando adormece o dia. dêem ao sono a possibilidade de paz e possuam num coito tântrico a mensagem com a força grávida do renascer. um dia. como novas e ávidas de viver. meninas travessas que disfarçam líquidas os sentimentos escolhosos da nascente entupida. pedradas no charco fétido sem corrente. barragem abrupta da nascente à voz.






3 comentários:

Unknown disse...

Entre o aconchego e o voo rasgado, uma palavra: Saudade!

Que saudades!!! (Diz o Herói)

Um beijo e um xi profundos dos dois.


PS: Lindíssimo...

sinédoque disse...

Rasguei o silêncio, Ana! Há sítios onde sempre voltaremos, nem que seja para soltar as palavras breves que nos aliviam a saudade.

Um abraço intenso de amizade, ao nosso herói o universo num beijo.

Anónimo disse...

Ena,voltou! Bem aparecida seja!
As minhas palavras mais parecem novelos, cheios de nós difíceis de desfazer.Persistência e alguma calma, farão com que a coisa se resolva, "penso eu de que..."

Beijos e até à FNAC