reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

quinta-feira, dezembro 06, 2007


Afogo imperceptível

ouço a tosse cansada e rouca do tempo, vejo as rugas cruzadas nos corpos, percorro os templos da idade sem misericórdia e oblitero-me de viver, pela metade. rasgo as palavras que saem em desordem e afogo as sementes de pensamento geminado. salvo da tempestade os haveres preciosos em sacos de linho branco e enterro no estrume o puído metal que me ofusca o brilho. solto-me do tempo como folha caída e vagueio ao sabor do vento até encontrar a humidade que me transforme em seiva, alimento e vida. adormeço inerte em lençóis de frio e permaneço na opacidade do tempo esperando um raio de luz que me acorde.

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Ainda bem que vim aqui. Desde 2ª feira a publicar sem eu o saber...
Continuas igual a ti própria (ou melhor...) nestes textos de Dezembro.
"... solto-me do tempo como folha caída e vagueio ao sabor do vento até encontrar a humidade que me transforme em seiva..."
A tua "fábrica de imagens" permanece imparável, tal como no exemplo que acima transcrevo.
Bfs, beijinhos.