reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Pandora? Nem sempre

E no fundo de nós temos a caixa. E à nossa volta tantas caixas por abrir e a curiosidade e pedir descoberta. O apelo pelo desconhecido a bater-nos à porta com uma insistência ofegante e suplicantemente melada. Aparências, exterioridades. A beleza, o encanto, o sorriso a pedirem irreflexão e a confiar no deslumbramento, dando crédito à inocência.
E a mitologia a encantar-nos, preenchida que está de arquétipos da humanidade, da nossa humanidade e dos nossos conteúdos inconscientes.
A caixa de Pandora, nas versões que nos chegam, a fazer-nos reflectir. Engravidada de todos os males, uma vez aberta, espalha-os sem possibilidade de regresso ao estado de bem-estar inicial, por mais rápidos que sejamos a tapá-la, soltam-se e omnipresentes ficam. Presa dentro dela, a esperança, anuncia-se como a réstia que fica para não sucumbirmos e não desistirmos de acreditar. Parodoxo intrigante, este. A esperança misturada com todos os males do mundo. Será que ela poderá ter uma conotação negativa, se a deixarmos livremente abrir mina em nós fazendo-nos aceitar no que deve ser confrontado? Talvez.
E no fundo de nós temos a caixa. À nossa volta tantas caixas por abrir.E a esperança... sempre a esperança que de Pandora sejam poucas.

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