reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sábado, setembro 16, 2006



Os Filhos

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável

Kahlil Gibran

5 comentários:

Anónimo disse...

Então mas afinal os nossos filhos não são nossos filhos? Então de quem são eles filhos? Serão filhos de Deus, ou filhos da vida, ou somente filhos da mãe?

sinédoque disse...

Gosto deste poema de Khalil Gibran, é de uma grande profundidade e no entanto feito de palavras tão simples …
Pela leitura dele, entendemos como, se os nossos comportamentos fossem assim, objectivos, conscientes, sãos e respeitadores dos outros, enquanto indivíduos com o seu espaço próprio, como poderia ser tão mais harmonioso o meio que nos rodeia … porque esses comportamentos, não iriam apenas afectar a harmonia das relações pais / filhos, mas iriam ter implicações em tudo, nomeadamente no relacionamento com os outros, que nada têm a ver connosco … aprenderíamos de base a respeitar espaços e opções de vida de cada um e saber viver com isso harmoniosamente, talvez assim houvesse menos ganância, menor competitividade e menos atropelos, porque nos vinha de berço, estava incutido de base. smile

Anónimo disse...

Sim, muito belo e real.

Anónimo disse...

Nós pensamos muitas vezes que os nossos filhos são um prolongamento nosso e pretendemos que eles realizem muito daquilo que nós não conseguimos. Hoje em dia, felizmente, eles sentem-se mais livres para fazerem as suas opções e não se prendem às nossas amarras.

Anónimo disse...

Poema bonito, mas....
Poeta árabe, poema exortando a que nosos filhos não nos pertencem, logo me faz lembrar os 'mártires' que se imolam em busca das tais '30 virgens' depois de rebentaren consigo próprios e com mais alguns humanos.
Gosto mais da imagem do FILHO parceiro, cumplice, companheiro, que nos enfrenta seja nas ideias ou mesmo nos actos, mas....adoro quando os filhos (como meninos do Huambo) sentam no colo e a rebeldia se transforma em mimo.