reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

domingo, outubro 12, 2008


momentos

uma agúdia chamou-me. há tanto tempo que não me ligavam nenhuma. fui ver. preta. reluzente. composta de metades cingidas por cinturinha de vespa. a mobilidade impressionou-me como sempre. tal como quando vejo um tractor manobrar um atrelado. pedia ajuda no transporte das pedrinhas que se amontoavam no caminho. sísifo dera-lhe aquele monte de pedrinhas para ela carregar. cansada daquela tarefa achou que eu viera do olimpo para a libertar da cruz. do alto do meu metro e sessenta e DOIS verguei-me à natureza outonal e quis saber da sua vida. falou-me em palavras "agúdias", grávidas de esperança e eu saí dali esdrúxula de conhecimento.

não. recuso-me a falar de como acabei por lhe queimar involuntariamente uma pata e de como pedi ajuda a um agudião que a levasse dali a voar.( a intenção era aquecê-la). que seja feliz no seu formigueiro. nunca mais aquecerei agúdias nem as usarei como isco aos pássaros. já lá vai o tempo em que com agúdias fazia holocausto. entrego-me ao tribunal internacional de Haia.


2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda me lembro de as ver a espernear, presas nas costelas. Quanto mais se mexessem, mais atraiam a atenção dos pássaros, dizia o meu pai. Curioso, nesse tempo, não chegávamos a ver a crueldade do acto.

CPrice disse...

reclamando ausências eu .. e deixando os votos de um sereno fim-de-semana*
:) beijinho