reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

quinta-feira, setembro 18, 2008


tenho uma pena que não escreve direito. nem torto. deixou de escrever e voltou à garatuja de andar. solta de rumo. sem pena de penar. é uma pena minha. tão minha que me desenhou os olhos. o nariz. o oval do rosto. me pintou a tez morena. me ensinou as primeiras letras com tinta de dedos na terra macia onde descansava de voar. agora empenou o engenho de ensinar. não para descansar. nem olhar os desenhos conseguidos com orgulho. agora precisa de todo o amor para perder o sujeito e o predicado de pena.

6 comentários:

nocas verde disse...

Respiro fundo.
Leio cada letra, cada palavra.
Respiro fundo.

É bom beber assim, pela manhã, letras assim tão bem compostas, tão bem colocadas.
beijinho

CPrice disse...

palavras? poderia inventar, extrapolar, comparar, buscar o significado oculto e aquele que se apresenta assim singelo ..
Não vou fazer nada disso minha Amiga .. deixo simplesmente um abraço e os votos de um bom ano *

Beijo meigo

Unknown disse...

Sem essa pena te digo que a garatuja de andar faz bem às penas sob pena de não sabermos cair e levantar de novo a pena de escrever para dizer que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".

...o engenho de ensinar não se perde está sempre nesse amor sem pena, mas suave e leve como ela...

Aquele abraço duplo e enroscante ;)))

Anónimo disse...

Que pena a pena deixar de escrever e passar a 'garatujar'...
Que pena a pena não escrever o que nos vai na alma...
Que pena a pena não nos ensinar como com a pena se pode escrever AMOR e PAZ

tchi disse...

Gostei do des-penar da tua pena.

Fabuloso ensaio.

Fiquei cativa de todas as "penas" que aqui "penaste".

Escrita encantadora.

Parabéns.

Anónimo disse...

Felicidade de quem sem pena deixa a pena percorrer os caminhos da escrita:

A felicidade exige valentia.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte