reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

quinta-feira, maio 22, 2008


de repente ficou leitosa a tarde. o verde da paisagem embebedou-se da cor esbranquiçada que cai das nuvens. os líquens e os musgos nos telhados suspenderam a cor ocre e refrescam-se de seiva. as plumagens são sacudidas uma a uma e os bicos percorrem a poeira dos dias, pousada nos corpos subitamente arredondados das aves. Fustigam os vidros os pingos grossos numa pressa de chegar ao aconchego da terra. parda agora. partem em fúria das alturas e precipitam-se abruptos numa paixão desenfreada de abraços telúricos. os caminhos da água levam-nos aos ciclos de nós e nos padrões descobertos suspende-se o sol entre os dedos. fica a melodia nos tímpanos do barro que nos cobre a abrir caminho para a alma lavada.

3 comentários:

Anónimo disse...

e de alma purificada, sinedoque :)

beijinho e bom fim de semana!

Unknown disse...

Catártico. Poético e maravilhoso. Encontrei neste escrito as palavras que queria encontrar para descrever o momento. Adorei!!! Esta minha Amiga escreve, mas ESCREVE mesmo. Um exemplo para um certo Herói... Obrigada.

Um beijo enooorme.

PS: Herói continua "bem", cheio de vida! É delicioso vê-lo assim. Manda muitos beijos e um enrosca-te em mim.

CPrice disse...

chorar faz bem .. lava a alma e não os olhos como costuma dizer-se .. eu de alma lavada me sinto também ao lê-la nesta brilhante composição Minha Amiga *

Beijinho