reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sexta-feira, outubro 27, 2006


Goteira

Nestes dias em que as chuvadas têm sido constantes e tumultuosas, em que o meu rio Tejo corre em caudal abundante de lés-a-lés, farto e gordo, avisa a Protecção Cívil que tenhamos as goteiras de nossas casas bem limpas e desimpedidas dos detritos que se vão acumulando durante as estações mais secas. Chegada a emergência da hora, copiosa e torrencial, é ver soldados da paz ajudando inquilinos descuidados de limpezas exteriores.
Venha chuva! Goteiras limpas, calhas desobstruídas, telhas em bom estado, sentia-me segura na casa que me abriga e onde a beleza nostálgica destes dias me remete para confortos outonais para aprazimento meu.
Não fosse aquela dor junto ao ouvido, aquela dificuldade em comer, em bocejar, indispensável ao relaxamento e entrega ao aconchego do lar, e tudo estaria bem por aqui. Mas não! Tinha uma nascente de dor, que se manifestava com arrogante inchaço interior e, insistente como a chuva, precisou de uma goteira. Sim, tenho uma goteira na boca!

"A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação que desliza e roda mesmo à frente do ouvido e que é formada pelo osso temporal (lado e base do crânio) e pela mandíbula (maxilar inferior). Os músculos de mastigação unem o maxilar inferior ao crânio, permitindo-lhe mover a mandíbula para a frente e para o lado e abrir e fechar a boca.A articulação funciona adequadamente quando o maxilar inferior e as suas junções (direita e esquerda) estão sincronizados durante o movimento".

Ao que parece andarei muito stressada( mas porquê? A vida dos professores dizem ser tão calma!) e, possivelmente, durmo com os maxilares cerrados involuntariamente o que terá descompensado a articulação. O dentista ainda me disse para andar, de dia, com a língua entre os dentes, mas eu não vou nessa! Ainda me mordia e morria envenenada!

Pois agora uso uma goteira oclusiva para me proteger os dentes de tal incómodo e incomodada ando com esta calha na boca, que embora invisível pela transparência, à fala deu nova inflexão. Belfa! Sopinha de massa! Assim ando eu!

Sem comentários: