reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

segunda-feira, outubro 23, 2006



Ecos do passado

Passado, presente, futuro. Linha cronológica de tempo que atravessamos registando o que vale a pena lembrar, glorificante ou não. O passado é tudo o que temos na nossa história, o que fez de nós o ser de que somos formados e com quem mais intimamente vivemos, com quem dialogamos tantas vezes em silêncio, em monólogos enquistados na procura de sentidos e de redireccionamentos. É nele que bebemos a sabedoria e o senso do momento. De quem se cruzou connosco ficam as marcas da passagem, anotações de grafia intrínseca, mais cuidada ou rabiscada conforme o merecimento do acontecido. Mas a história é a nossa e não devia ser vivida em função da dos outros.

Quantas vezes nos tornamos secundários quando era nosso o papel principal? Quantas vezes deixamos para os outros a escolha do nosso presente, descorando o futuro? Não nos sentindo anulados. Espanto! Mas entendendo que a mim tudo me é suportável e relativo enquanto que para os demais, e falo aqui dos que me são mais próximos e queridos, transcende o inaceitável de forma dolorosa e fermente.

Mas que lucidez insana é esta que me atravessa? Que calma é esta, que nos momentos de crise me faz pausar a voz em meditação na procura da saída, não repisando o olhar para o que de feito não tem remédio. Que sangue me corre nas veias? Serei barata travestida de mulher? Às pisadelas não dou reputação nem assentimento, pois não me sentindo vergada, esbarram na minha integridade sem nódoa de indiferença em mim, mas alongando-me, dúctil, na doçura do perdão.

Não sou deste mundo já!

1 comentário:

Anónimo disse...

A coisa está pesada,hoje!
Mas há sempre um raiozinho de sol que teima em chegar a nós. Mesmo quando parece que não precisamos dele.
Continue com essa calma e com essa lucidez, porque se calhar até resulta.