reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

sexta-feira, agosto 18, 2006



A rapariga de bronze


O sol anda tímido ultimamente. Tem destas coisas! Mesmo no esplendor do seu reinado esconde-se entre algodão em rama e ali fica atónito, confuso...
É vê-lo aparecer e desaparecer em alveiradas atléticas mas de curta duração. Ainda está em plena forma e há-de ter dias de melhores humores, mas esta melancolia vai dando aso a que o vento , a chuva e o ar frio da manhã e do anoitecer nos venham lembrar os abafos esquecidos nos cantos mais recônditos dos armários.

Mas, enquanto é tempo, a rapariga passa, mostrando ostensivamente o bronze conseguido durante o Verão tão esperado.

Corpo de bronze. Escultura anoréctica de contornos perfeitos.

(Já entra finalmente na pastelaria pronta a degustar o seu bolo de eleição, do qual se privou durante alguns meses para caber no modelito visto na revista de moda. )

Passa segura de si.

O resultado é o esperado:

" Que escultura!"
" Que Bronze!"

E ela feliz.

Só aquela comichão constante nas costas a incomoda. Maldito sinal!

3 comentários:

JP disse...

Nem todo o mal do mundo mata, se o final é conhecido.
Profundo o seu tom e a sua análise.
Gostei.
Obrigado por ser mais uma presença agradável.

sinédoque disse...

Eu é que agradeço a visita e as palavras simpáticas. São alento para continuar a cuidar deste " recém-nascido".

Anónimo disse...

eu não tenho dotes oratórios, eu não tenho palavras, eu não tenho vinho...menos mal que vejo óptimamente :))
e gosto da ligeireza da escrita e da simplicidade repentista das tuas ideias, como um rio a descer por entre as pedras das montanhas, alegre e saltitão, por vezes com dificuldades em ultrapassar certas barreiras naturais, mas depois de o conseguir, aquele fazer parte da natureza faz-nos ter confiança no futuro....tu és parte da natureza, quando aparecer algum obstaculo passa por ele e segue o teu caminho!e a agua não passa 2 vezes sob a mesma ponte...
carlos