reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

domingo, outubro 10, 2010

Fim de tarde






a visita  aconteceu ao fim da jornada. caiu-me no olhar entrando pela janela do horizonte. primeiro tingiu-se em tonalidades de agressividade simbólica. os cinzentos marearam-lhe o rosto em ondas de castelos que cavalgavam espaços como fumarolas encardidas de sonho. revolveu-se em abraços de luta e dança num classicismo de corpos embriagados que se amam. instalou-se à minha frente. a tormenta do amor esfomeado regou a terra numa obliquidade temporária. depois a verticalidade dos corpos dos pingos era rega de afortunada colheita. orgásmica e louca. sorri-lhe. seduziu-me. um pássaro rasgou a fúria com asas de atrevimento. o ar riu do momento e desfez-se em abertas de um branco lírico. acalmou a melodia pesada na manta dos telhados. o céu reuniu-se em manchas de azul e pragas de branco. o sol espreitou. e fez-se a cama fofa da noite. terminou num até já.

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