minha casa é palafita a dois passos da enchente. deitada na minha cama sinto da água a maré. hoje encheu-se de estrelas que das frestas da madeira fizeram pouso premente. é tão linda a minha casa. já disse que é palafita. passa a água. passa a vida. e ela segura e erguida. em estacas de madeira refresca o chão dos meus pés . nunca tenho os pés no chão. nem no ar está bom de ver. na minha casa há um barco que regressa ao fim do dia e me repousa da faina quando a noite é maresia. a minha casa é na água. no rio onde me banho. só o vento sabe dela e dos segredos que tenho. dentro da minha casa conto as estrelas no rio. são dançarinas flutuantes que me beijam noite fora. velando-me se alguma nuvem se adensa ou se demora. a minha casa é palafita. é de tábuas e tem janela. quando a tarde cai a pique fico ali. olhando as águas. da janela da minha casa limpa-se a vista de mágoas.
6 comentários:
Uma casa com vida de maré. Muito bonito este teu texto.
bj
queria eu uma casa assim .. como não tenho engenho e arte de a descrever vou passeando por esta *
Beijinho amiga Sine
apetece ficar em sua casa, minha amiga. gostei muito do texto :) um grande beijinho *
Pois é, há quem tenha casa e não durma, nem na rua...
Bjz
BELO TEXTO
AO SABOR DAS MARÉS
Ensina-me a andar sem os pés no chão! Que nua e simples é a tua casa...sinto-me cá bem.
Beijinhos.
Daniela.
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