reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

segunda-feira, janeiro 15, 2007



Sem camuflagem

Chegam-nos de inesperadas formas e, de repente, surpreendem-nos pela leveza que nos transmitem. Sem camuflagens, de peito aberto na postura e na voz, sentimos-lhes a verdade que transmitem e à qual nos ligamos sem esforço. Da palavra lisa e sem mágoa, do olhar directo e frontal, semeiam à sua volta a serenidade, recriam a harmonia que todos vamos perdendo entre as fobias que nos envolvem e que nos aceleram a ansiedade.

Das mãos, os movimentos que nos fazem adivinhar a ausência de teatrealidade da vida, sem actos que envergonhem o actor, mas com uma firmeza consonante com a melodia da fala e a doçura e segurança do olhar.

Rimam com afectos, estas vidas, buscam na existência uma tranquilidade que nos renova o enleio, sustentam-se de uma energia de intensa sabedoria que nos bloqueia a perturbação e o tumulto. Dos traços no rosto ficam as marcas apaziguadas da sorte e das escolhas nem sempre pacíficas, mas que se viveram com a quietude na consciência.

Quando os deixamos é como se um fio de luz nos iluminasse e aquecesse. É bom ter amigos assim!

4 comentários:

Anónimo disse...

Ao ver a foto que coloca no seu post, ouso exclamar 'Adoro chocolate'

Anónimo disse...

Os verdadeiros amigos não precisam de camuflagem.Às vezes, já não são é capazes de se desnudar mais, mesmo perante os amigos.Sentem vergonha por serem fracos, por sobrecarregar...Então,fazem papel de "palermas", dando ideia que está tudo bem.
Mas continuam a ser amigos e isso é o que importa!

JP disse...

A amizade pode ter duas vias ou dois sentidos, mas tem uma indelével origem, a frontalidade.
Bj

sinédoque disse...

Um amigo nunca sobrecarrega, nem deve ter vergonha das fraquezas, nem nunca é visto como palerma, mas têm direito ao silêncio, se assim o entender. Na certeza, porém, que o outro estará sempre pronto a ouvi-lo.
Onde estão as pedras para partirmos até lapidarmos as arestas das angústias?