os mesmos dias que vestiram a saudade vieram visitar-me sem autorização. pernoitaram na minha eira e sedentarizaram a vida. ei-los a eito como planície fecunda de suspiros e sorrisos lânguidos. os olhos dos dias são a alma do horizonte quieto e adormecido como pasto certo sem campo de fuga. a boca dos dias é o fogo posto no ventre ardente como deserto imenso sem a frescura dos oásis. o cheiro dos dias é a fragrância do silêncio distante que cobre a terra como renda fina. o sabor dos dias é a boca seca duma gruta austera onde o vento há muito selou a nutrição. o ouvido dos dias está na porta da tua boca à espera da nota certa que será começo de melodia.
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