reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

domingo, setembro 26, 2010

Círculos fechados

o sol vai percorrendo a vida por onde ando.dizem que nasce. que se põe. não que eu o ache, mas até parece que da verdade se animam estas imagens. e soltam-se em círculos fechados. vão e voltam numa renovação gasta de vontades alheias. perpetuando o dia e a noite até que a viagem acabe. não para esse viajante parado. cheio de vida e coisas quentes e, aparentemente, eternas e ardentes. diabólicas as coisas que encerra esse tesouro do espaço (cheio de mistério e fantasmas leves que flutuam nos ares como bolas de sabão sopradas da boca de uma criança). mas dizia eu. que me perdi. o sol marca um ritmo qualquer ao qual obedeço. dá-me ordens e eu curvo-me. não que me apeteça realmente obedecer. afinal sou um animal selvagem dentro do fato da civilização. mas perdi as garras. quero arranhar as barbas do sol e deitar-lhe um balde de água fria dentro da barriga. subir-lhe para as costas e sentar-me a olhar a imensidão do meu jeito. porque o meu jeito é olhar. sentir com os olhos, com os ouvidos, com as mãos , os pés, esfregar o nariz na boca doce da vida. andar mais devagar agora que se faz tarde. e querem que corra. que supere os limites de mim. já não me apetece. quero fazer do sol um brinquedo. e jogar com ele ao esconde-esconde.

quinta-feira, setembro 23, 2010




queria correr para aqui com vontade de abrir portadas. sacudir as palavras carcomidas pelo tempo. vasculhar cada lugar onde a memória se fez renda. limpar as vidraças das poeiras embebidas em pingos de chuva. talvez choro. queria retirar a música já riscada de cansaço...queria...mas não tenho força. ainda. há um muro a transpor e os braços e as pernas trôpegos a tremer. inertes. falta-lhes a mola da vontade. durmo num sono frenético entrecortado de lesmas e preguiças cansadas sem encosto. abandono-me ao tempo da mecha. serei a bolha que espera a primavera da alma. preciso de sol nascente. estou envolta em brumas misteriosas que não me dão tréguas. e eu sem força para levantar o ferrolho da vidraça finjo que adormeço. hiberno na vida que me prende.