reflexos de vida no silêncio espelhado da água. fragas de vidro em descontinuidades do olhar ...

terça-feira, outubro 09, 2007



Um dia estava ela a ver passar navios quando de repente sentiu um arrepio na espinha. Devia ter trazido agasalho- pensou ela com os seus navios. Um marujo que a avistou com os cabelos arrepiados lançou-lhe a âncora e prendeu-lhe uma corda no cabelo em jeito de rabo de cavalo, indicando-lhe suavemente o caminho até à beira-rio. Despiu o blusão listado e cobriu-lhe os ombros nus que de galinha ganharam a pele. Na generosidade do acto ela agradeceu. Ele deu-lhe a mão e ela entrou na embarcação vazia. Percorreu numa dormência feliz distâncias que não sabia medir e outros entravam e faziam o passeio turístico com o marinheiro sempre no leme. Já noitinha quis sair daquela cena e pediu ao marujo para regressar que já estava tarde e este voltou-se para trás, bateu as asas e levantou voo com ela nas garras por um caminho de nuvens brancas e sóis transparentes e quentes e ela nunca mais teve frio. Só o cheiro do pinho lhe lembrava outros passeios dos quais não se recordava bem.




5 comentários:

Anónimo disse...

Pelos mares que navego,pelos céus onde esvoaço, sempre uma interrogação se me colocava. Que odor me acompanha?
Já sei, foi aquela 'ninfa maluca'que andou com o meu dolmen e por isso apanhei uma pneumonia

CPrice disse...

querida sine .. para quando algo no papel ? ;)

Beijinho

Unknown disse...

Gosto mais desta Musa que inspirou o marujo a lançar-lhe a âncora; a corda no cabelo; o blusão listado sobre os ombros...

... Gosto mais desta Musa que inspirou o marujo a levá-la a percorrer distâncias que não sabia medir; a voar por nuvens brancas e sóis transparentes...

... Gosto mais desta Musa que das Sereias que dizem que encantam os marujos mais incautos...

Anónimo disse...

Dás-me "carta branca" para falar com a editora?
Estás à espera de quê para passar isto para o papel?
Se autorizares, também posso ver a questão da capa...
Como vês, já tens alternativa para aquilo que te anda a apoquentar tanto.
Como eu não tenho jeito para grande coisa, posso ser só a tua secretária e mandamos o resto às urtigas, ´tá bem?

Anónimo disse...

onde vês a libertação pela morte, onde a embarcação é a morte eu vejo a libertação pelo amor pelo prazer e pela companhia. A embarcação cheia são as pessoas que estão connosco e nos completam.